Agência FAPESP – Uma dose única oral de vitamina A dada a uma criança que acaba de nascer pode reduzir, nos países em desenvolvimento, o risco de morte em 15%. A conclusão é de um estudo conduzido na Escola Bloomberg de Saúde Pública da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.
A pesquisa envolveu cerca de 16 mil recém-nascidos de comunidades rurais no noroeste de Bangladesh, em região em que 90% das crianças não nascem em hospitais ou clínicas, mas em casa. Metade dos bebês recebeu uma dose de 50 mil UI (unidades internacionais) de vitamina A, enquanto os demais receberam placebo.
Segundo o estudo, publicado na edição de julho da revista Pediatrics, a dose foi dada oralmente em média sete horas após o nascimento. Os autores verificaram que a taxa de mortalidade para o grupo que recebeu a dose ficou em 38,5 a cada mil nascidos. No outro grupo, foi de 45,1 mortes por mil.
“Há muito tempo se sabe que a suplementação com vitamina A pode reduzir a mortalidade em crianças com mais de 6 meses de idade. Nosso estudo mostrou que isso também melhora a sobrevivência nos seis primeiros meses de vida”, disse Rolf Klemm, principal autor do estudo.
Segundo ele, embora a vitamina A reduza a mortalidade infantil de diversas causas, mais vidas foram salvas provavelmente por conta da redução da severidade, para aqueles que receberam a dose, de infecções potencialmente fatais, que são responsáveis pela maior parte das mortes de crianças pequenas na sul da Ásia.
“O estudo confirma os resultados de dois trabalhos anteriores feitos na região, mas precisamos urgentemente de mais pesquisas para determinar se a suplementação de vitamina A para recém-nascidos pode reduzir a mortalidade em outras áreas, especialmente na África”, disse Keith West, outro autor do estudo.
“Estamos felizes com os resultados do novo estudo, o qual confirma que essa intervenção de baixo custo pode contribuir de forma significativa para reduzir a mortalidade infantil”, destacou Kent Hill, administrador assistente para saúde global da Usaid, agência do governo norte-americano para o desenvolvimento internacional.
Com base na pesquisa, a Usaid conduz operações em Bangladesh e no Nepal, em parceria com órgãos locais, de modo a determinar abordagens possíveis para a administração de vitamina A a recém-nascidos.
“Como a mortalidade é maior durante os primeiros meses, a dose única de vitamina A pode salvar cerca de 300 mil crianças por ano na Ásia. E 1 milhão de vidas podem ser salvas no continente se dermos, para crianças com carência de vitamina A, doses orais duas vezes por ano até os 5 anos”, disse Alfred Sommer, reitor emérito da Escola Bloomberg de Saúde Pública.
Os trabalhos de Sommer e West, na década de 1980, demonstraram a importância da vitamina A na diminuição do risco de morte em crianças.
O artigo Newborn vitamin A supplementation reduced infant mortality in rural Bangladesh, de Rolf Klemm e outros, pode ser lido por assinantes da Science em http://pediatrics.aappublications.org.