Professor da UNB e chefe do Observatório Sismológico (Obsis) da Universidade de Brasília (UnB), Lucas Vieira Barros, defende a criação de redes sismográficas no país, como a que está sendo implementada pelo Observatório Nacional, com apoio da Petrobras. “Isso vai contribuir e muito para o melhor entendimento da sismicidade brasileira (feição e freqüência dos sismos em determinadas regiões). Isso é muito positivo”.
Uma matéria publicada na Agência Brasil, sobre o tema, mostra o que ele pensa sobre terremotos no Brasil:
Para ele, a tese de que o país não treme está descartada. “A gente recentemente foi pego de surpresa com aquele tremor de terra que aconteceu no norte de Minas Gerais”, disse, referindo-se ao abalo sísmico que destruiu o povoado de Caraíbas, no início deste ano. “Então, a gente não tem razões geológicas, sismológicas, geofísicas para admitir que não possa ter tremor de terra no Brasil. Até porque eles acontecem. E vêm acontecendo inclusive em lugar onde nunca a terra tremeu. Como foi o caso de Caraíbas, em Itacarambi”, disse Vieira Barros.
O Obsis da UnB foi criado em 1968 e tem cerca de 60 estações em vários estados, que vêm sendo implantadas ao longo dos anos em parceria com empresas do setor energético, como a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Eletronorte e Furnas, para o monitoramento de barragens.
O professor da UnB destacou a importância da implementação de redes sismográficas no país para permitir melhor acompanhamento da atividade sísmica. “Muitos sismos acontecem e passam despercebidos porque nós não temos estação. Então, a colocação de rede sismográfica é de fundamental importância para a gente entender melhor esse sismo. E só se estuda sismo e terremoto por intermédio dos seus registros, que são feitos em estações sismográficas”.
Nesse sentido, ele considera que a rede do Observatório Nacional, que prevê a instalação de 50 estações em todo o país, “vai contribuir e muito para a comunidade sismológica nacional entender, identificar e mapear melhor os pontos com potencial para tremor de terra”. O observatório da UnB já identificou a existência de uma zona sismogênica no Nordeste, envolvendo principalmente os estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco, além do norte de Mato Grosso e de Minas Gerais.
O chefe do observatório reconheceu que infelizmente a sismologia ainda não consegue prever a ocorrência de terremotos. Avaliou que a rede sismográfica facilitará a identificação dos locais onde estão as fontes sismogênicas, ou seja, as fontes de terremotos. “A partir daí, é possível inferir que um dado lugar é propício a ter terremotos maiores e, por conseguinte, o que se pode fazer é prevenir”.
O trabalho de prevenção envolveria, segundo Vieira, o aconselhamento da população da região para a construção de casas mais resistentes, “que possam enfrentar eventualmente um dado terremoto que se espera com tal magnitude naquele lugar”. Ele acredita que no prazo de três a cinco anos, o Brasil terá um número razoável de estações sismográficas que irão gerar dados e facilitar o estudo da matéria.
A expansão das redes sismográficas permitirá ainda que a comunidade acadêmica e a sociedade tenham acesso aos dados em tempo real. “E possam acompanhar uma sismicidade quando ela esteja acontecendo e não depois que ela ocorreu, porque esse é um problema que nós temos hoje”.
Barros defendeu a criação de um órgão específico para acompanhar a questão sísmica no Brasil. “Nós entendemos que o Brasil precisaria de um órgão com versatilidade, disponibilidade de recursos e de gente, que possa responder rapidamente às indagações da sociedade sobre a ocorrência de sismos em qualquer lugar do país”. O professor afirmou que o Observatório Sismológico da UnB tem realizado esse trabalho com muita dificuldade. “Mas, na medida do possível, a gente tem tentado responder às indagações”.
Segundo o especialista, em geral as pessoas buscam a universidade à procura de explicações sobre os sismos. “Por isso, é importante que futuramente a gente possa responder de forma mais eficiente, tendo recurso, tendo pessoal”. Barros frisou que o Obsis está aberto para firmar parcerias com o setor público e privado que permitam expandir os estudos sobre a sismicidade, além de facilitar a transmissão de dados por satélite, de elevado custo.
Dois links sobre terremoto no interior da Bahia:
- Terremoto em João Dourado – Bahia – Brasil
- Terremoto de João Dourado pode ter obstruído parte da Gruta dos Brejões
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