Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita
Olhou-se com um olhar inumerável
E viu, do ápice à base
Uma figura impar Continue lendo “A poesia da dona Matemática”
Tag: poesias
Eculeos
ECULEOS
Robério Pereira Barreto
Qual andorinha em vôo solo
Ando sozinho em meio
A muitos caminhos insólitos,
Onde há várias pedras e espinhos
A fechar-me a passagem.
Qual redemoinho na caatinga
Esgueiro-me entre os ecúleos da saudade;
Afiados furam-me o peito, donde
Escorre pelas fendas da alma
A seiva da vida em decomposição.
Qual ave de rapina na noite de luar cristal
Mergulho no imo de minha dor
Para capturar a mim mesmo.
Com sofrimento magistral
De quem ao inferno chega
Se aos sentir-se mal;
Amanheço em estado lastimal
Por ter procurado encontrar
A mim mesmo e fui capaz.
Crença ou vença
CRENÇA OU VENÇA
Vera Vasconcelos
Crianças desarmadas, mal amadas.
Vítimas de políticas idiotas da pátria amarga
Homem do poder, que só ver.
Armas, armaduras, covardia
Dos canhões brasões, símbolo do amor
Sem pudor.
Crianças viram gente grande, sem temor
E com amor entre tanques e fuzis
Defende sua dor, seu orgulho ferido
Com as armas que lhes convém
Pedrinhas, corpo e mente, ardente
Num gesto de inconfidente, inocente.
Sonhara talvez com amarelinha
Num pesadelo sem trégua, corre.
Corrida sem fim e com fim
Desilusão, destruição total
Fora do aconchego materno, chora.
Violentados, vistos em espelhos mágicos,
Interesseiros, a fama e o dinheiro.
Do registro do momento, o tormento sangrento.
Crianças tremem, imploram, contam vitórias.
Nos acordos da paz, da independência…
A espera da liberdade, da vontade de gritar!
Rabin! Arafat! Fizeram-nos sonhar
Seguiu o que pregoou, assinou, fracassou.
Dos interesses, a troca da paz
Morte, omissão, destruição
E os bolsos abarrotados, encorpados.
Nas suas fortalezas doentias, se condenam, morrem.
Num regime de regressão e corrupção
Castigos sem perdão, é execução
E as crianças que hão de ter? Poder?
Mentes sadias? Euforia?Patriotas desumanos?
Ou exemplos de armadores sanguinários?
Pedirão abrigo, socorro? Afago nos seus lares?
Que lares? São entulhos a céus abertos, desertos, sombrios!
E a mídia refugia, tripudia, revela a agonia.
Crianças que morrem, que choram, imploram…
Sonham e dormem
Ao sono dos injustos, incertos, incrédulos.
Canto à Yaiá
Ó lê, lê…
Ó lá, lá, lá…
Etcha coisa boa
E a casa de Yaiá!
Ela conta causos bonitos,
Tem cocada boa,
Passarinhos coloridos a cantar
Árvores frondosas de frutas saborosas.
Yaiá é carinhosa…
Dar-me abraços apertados;
Põe-me no colo;
Banha-me de beijos acalorados.
Yaiá me pega na mão
A passear no grotão
Onde borboletas coloridas há;
Elas brincam alegres no ar
Como se dele quiser alimentar.
Não sei viver sem yaiá
Nem o lugar de lá.
Robério Pereira Barreto
Se por aqui passasse um trem…
Para muitos o trem é sinônimo de tristeza, para tantos outros, alegria. A partida marcada com o apito que lhe é próprio aperta o peito dos amantes que partem e, mais ainda dos que ficam. Continue lendo “Se por aqui passasse um trem…”