Não sou digno de ser doutor
Cantador ou viajante
De falar versos bonitos
Do universo infinito, o paraíso distante
Não sou homem letrado
Não sou dono de gado
Nem de outros animais
Sou pobre sou humilde
Por cobrir-me de jornais
Eu não sei comer de garfo
Nem ligar televisão
Sei que sou bicho do mato
Domino; e como meu chão
Os dias não são tão bons
Peço licença pra falar
Que os problemas vêm e vão
E a vida vai ficar
Sei que não sou importante
Já sou marketing da fome
Minhas fotos nas revistas
Vai entristecer os homens
Minha pele escurecida
Minhas pernas empoeiradas
Essa imensidão azul
Faz chorar minha enxada
Convido os senhores
Pra lá em casa almoçar
E sentir a dor da panela
Por não ter o que cozinhar
Vê os cacos de meu pote
Espalhados pelo chão
Não é frescura de rico
Nem praga no sertão
Cansado de ser manchete
Pra burgueses sociais
Que choram confortavelmente
Ao me ver nos seus jornais
Em suas poltronas com sua dona
Riem muito feliz
Vendo que toda diferença
É igualdade em meu País
Não agüento o sofrimento
De Joões, Zés, e Marias
Que já não lutam pelo pão
E sim viver mais outro dia
São estas mulheres e homens
Que sem comida alimenta
A fome da esperança
De botar alguns quilinhos
Em suas raquíticas crianças
Que no futuro alimentarão
O exercito da ignorância
Marchem, Marchem exércitos
De Brasília, de poderes federais
E confiram as cabeças
Dos currais eleitorais
No teatro da miséria globalizada
Todos com mãos atadas
Como foi Cristo Jesus
Só que aqui é cada um
Pregado em sua cruz
Não sou Hitler, Napoleão ou Satanás
Sou só mais um, que quer viver a paz
Vê o verde da janela
A chuva em meu telhado
Mesmo sendo um homem preso
Ter o pensamento alado
Pois pior que um homem morto
É uma nação de homens parados
Mesmo eu aqui no nada
Tô começando a entender
As risadas engraçadas
Que os gringos estão soltando
Por crianças de 12 anos
Prostitutas pelo País
Fazendo a noite mais feliz
Piorando assim o nome do, Brasil nação!
Mas amanhã cedinho
Vou poder comer seu pão
Cada povo seu problema
Sêca, fome, prostituição
Falta de dinheiro, má educação
E o pior de todos
É a matilha, de ladrão
Todos eles engravatados,
Nos ambientes requintados
Que estão longe do povo
Se alimentam da carne
E depois nos jogam o osso
Homens que mostram nos atos
Toda sua hipocrisia
Lustram seus sapatos
Com lágrimas de agonia
Alimenta meu vazio
Cospem no Brasi
Homens que do poder vão sair
De facão, ou de fuzil
Batem as portas de minha casa
Ao ver o breu chegar
O joelho no chão
Pede para Deus mandar
Homem de muito poder
Pra poder homem ajudar
Pois esta é minha terra
Meu dever é ela amar.
Rodolfo Carneiro
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