Uma pesquisa científica mostra que adolescentes que assistem programas de TV com conteúdo sexual, em cenas ou diálogos, tem duas vezes mais probabilidade de ficarem grávidas do que as que evitam tais programas.
A pesquisa foi feita pela RAND Corporation e publicada nesta segunda feira pela revista Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria. É o primeiro estudo a estabelecer uma relação direta entre a exposição de adolescentes a conteúdo sexual na TV e gravidez – tanto de meninas, como dos garotos que assistem aos programas e engravidam suas namoradas.
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Para a pesquisadora Anita Chandra, que liderou o estudo, os “adolescentes recebem considerável quantia de informação sobre sexo através da TV e a programação normalmente não destaca os riscos e responsabilidades do sexo”.
“Nossas conclusões sugerem que a televisão pode desempenhar um papel significativo nas altas taxas de gravidez adolescente nos Estados Unidos.”
Metodologia
No estudo, os pesquisadores acompanharam 2.000 adolescentes entre 12 e 17 anos de idade durante três anos. Os pesquisadores perguntavam sobre os hábitos televisivos e sexuais dos adolescentes.
A análise é baseada nos resultados de cerca de 700 participantes que haviam iniciado suas atividades sexuais neste período e falaram de seu histórico de gestações.
As informações sobre os hábitos televisivos foram combinadas com os resultados de uma outra análise sobre programas de televisão para determinar a freqüência e o tipo de conteúdo sexual a que os adolescentes estão expostos quando assistem TV.
Para os pesquisadores, o conteúdo sexual dos programas pode influenciar a taxa de gravidez na adolescência ao criar a percepção de que relações sexuais sem a proteção anticoncepcional oferecem pouco risco, e estimulando jovens a se iniciar sexualmente mais cedo.
Os pesquisadores se concentraram em 23 programas, que incluíam dramas, comédias, reality shows e programas de auditório.
“A quantidade de conteúdo sexual na televisão dobrou nos últimos anos, e há pouca representação de práticas seguras de sexo nesses programas”, diz Chandra.
“Apesar de ter havido algum progresso, os adolescentes que assistem televisão ainda vão encontrar pouca informação sobre as conseqüências de práticas sexuais sem proteção entre os muitos programas mostrando sexo.”
Outros fatores
Os pesquisadores afirmam, no entanto, que outros fatores influenciam a gravidez na adolescência.
Adolescentes que moram com os dois pais têm probabilidade menor de engravidar, enquanto meninas, negros e adolescentes com problemas de comportamento como disciplina, estão mais propensos a engravidar.
Os jovens que pretendiam ter filhos cedo também têm mais propensão a engravidar durante a adolescência.
Os pesquisadores recomendam que as redes de TV sejam encorajadas a incluir programas que mostrem relações sexuais de forma mais realista e incluam conseqüências do sexo sem proteção, como doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada.
Eles ainda recomendam que os pais assistam televisão com os filhos adolescentes para explicar as conseqüências de sexo sem proteção e que pediatras perguntem aos jovens que programas de TV eles assistem, para dar mais informações sobre métodos anticoncepcionais.
Mas Chandra afirma que a televisão é apenas parte da dieta midiática dos adolescentes. “Nós também devemos investigar o papel das revistas, da internet e da música”, afirmou.
A taxa de gravidez na adolescência vem caindo nos Estados Unidos desde 1991, mas o país ainda é um dos que tem maior incidência entre os países desenvolvidos.
Quase um milhão de jovens meninas engravidam a cada ano, sendo que a maioria dessas gestações não são planejadas. As pesquisas mostram que as mães adolescentes têm mais propensão do que outras meninas a abandonar a escola, precisar de benefícios e viver na pobreza.
A RAND é uma organização de pesquisas sem fins lucrativos que produz análises para o setor público e privado.
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