Ontem (23) a Secretaria de Economia Criativa do Ministério da Cultura (MinC) divulgou, na Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, um plano referência para o órgão. O plano prioriza as parcerias com os demais ministérios, secretarias estaduais e municipais, agências de fomento de todas as áreas e instituições do Sistema S (Sesi, Senai, Senac).
O documento foi lançado durante o 2º Seminário Internacional de Políticas Culturais e traça diretrizes, políticas e ações para a economia criativa brasileira, entre 2011 e 2014.
A secretária de Economia Criativa, Claudia Leitão, disse à Agência Brasil que o plano é resultado de um trabalho iniciado em abril deste ano que envolveu setores considerados importantes para a própria estruturação da secretaria. “Nós percebemos que a secretaria pode estar em qualquer ministério porque, como o negócio dela é desenvolvimento, ela articula desenvolvimento onde quer que esteja”. Outro ponto importante é que o plano extrapola um único mandato. Por isso, vem sendo trabalhado um planejamento “para um Brasil Criativo”.
Está sendo levantado o material relativo à construção da Convenção da Diversidade Cultural brasileira, “não só como patrimônio, mas como recurso econômico”, declarou. Segundo ela, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, comprometeu-se a trabalhar junto com a secretaria para a criação de mais linhas de crédito voltadas para o segmento criativo.
“Nós temos necessidade de trabalhar políticas públicas de forma específica para as áreas. Pensarmos a infraestrutura desse ciclo de produção, distribuição e consumo desses bens”. Claudia Leitão ressaltou que o Brasil não aparece nas pesquisas da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), que cuida da economia criativa.
“Porque nós não temos metodologia, não temos números confiáveis, não temos números dos estados comparáveis com outros países da América Latina”. De acordo com a secretária, isso faz com que o Brasil não apareça como exportador de serviços criativos, nem tenha dados sobre o Produto Interno Bruto (PIB) dessa economia, que está crescendo a taxas de 4% a 6% em todo o mundo. “O que prova que ela tem uma sustentabilidade, não polui, trabalha mais com a abundância do que com a escassez, é uma economia cooperativa, é desconcentradora”.
Ela ressaltou que o Brasil precisa ter números, construir políticas públicas, além de envolver os estados e usar planos de exportação dessa economia. Claudia Leitão entende que a Copa do Mundo de 2014 é uma oportunidade para que o Brasil desenvolva esse segmento. Destacou a importância do Rio de Janeiro nessa área. Daí o estado ter sido escolhido para o lançamento do plano da secretaria.
Para resolver o problema da falta de dados sobre a economia criativa, a secretária disse que está trabalhando com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) visando à criação de um indicador para o setor, “para até o ano que vem termos metas do que construiremos nesses próximos três anos”.
Claudia Leitão vai lançar nos próximos dias, com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Conta Satélite da Cultura, que vai desagregar os dados do setor. A secretaria está lançando também dois produtos, que são o Observatório Nacional de Economia Criativa e agências de serviços de suporte ao empreendedor criativo brasileiro (Creative Bureau) nos estados que sediarão a Copa de 2014. Fruto de parceria com diversos ministérios e entidades, essas agências facilitarão, inclusive, a exportação dos produtos criativos do Brasil.
Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil