O Brasil pode ser um dos principais beneficiários das soluções para conter a destruição da camada de ozônio e o aquecimento do planeta, que estão em discussão na 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), em Copenhague, na Dinamarca.
Além de abrigar a maior floresta e a maior biodiversidade do planeta e dispor de um quinto do volume de água doce existente no mundo, o Brasil tem um estoque de terras reflorestáveis que poderão ser usadas para a recuperação de áreas degradadas. A disponibilidade dessas terras é um trunfo nas negociações de metas ambientais em debate na conferência.
“Em um cenário de crise ecológica que vivemos, nasce uma nova oportunidade para o Brasil. Nesse mercado ambiental, tudo aquilo que degradamos na nossa história passa a ser, no mercado global, uma oportunidade para a reconstrução. Nós vamos ter a oportunidade de reconstruir paisagens e biomas nacionais dentro dessa lógica”, afirma Arnaldo Carneiro Filho, geógrafo do Instituto Socioambiental.
Ele estima que haja uma área de 1 milhão de quilômetros quadrados que pode ser usada para a agroenergia, a produção de madeira e a recuperação de paisagens. “O Brasil pode vender serviços ambientais”, disse o o geógrafo, acrescentando que há possibilidade de agricultores se tornarem recuperadores remunerados de áreas devastadas.
A hipótese de prestar serviços ambientais ao planeta depende, no entanto, de o país melhorar os índices de produtividade na lavoura e na pecuária. “A nossa lógica sempre foi a produção e não a produtividade”, reconhece. Na opinião de Carneiro Filho, é preciso intensificar a produção agrícola e ter mais rebanhos em áreas menores.
Ele acredita que o tema do desenvolvimento sustentável estará na agenda da campanha presidencial do próximo ano. Em sua avaliação, 2010 também será um ano de testes para avaliar se as medidas governamentais de fato surtiram efeito contra o desmatamento. No ano que vem, com o aquecimento da economia mundial e da produção interna, haverá maior pressão por desmatamento, prevê.
Segundo carneiro Filho, o desmatamento é um “animal adormecido” e o despertar depende de demanda do mercado interno e do mercado externo, que vem regulando a curva de destruição da Amazônia. (Gilberto Costa / da Agência Brasil)