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O chão do Haiti está cheio de mortos e as pessoas não se importam

Não sei se eu suportaria presenciar a situação atual no Haiti, onde pessoas vivas procuram seus entes queridos embaixo dos escombros. Acho que absorveria a mesma dor dos desesperados, manifestaria o mesmo sentimento de horror deles diante da tragédia. Uma situação terrível, angustiante para qualquer pessoa que vive neste planeta e tem sentimentos humanos.

Os que moram em Porto Príncipe olham em volta e veem a tragédia que na realidade é apenas uma pequena porção da realidade.

“Tudo começou a mover-se e a cair. Meu marido, meu primo, minha tia e meu tio… todos morreram, e eu não tenho família, nem casa, nem nada. Fico vagando pelas ruas, só isso! Ando pelas ruas sem destino. A única coisa me resta é o passaporte. Eu pensei que os americanos começaram a jogar bombas”, disse Carline Abellar que vendia roupas no Haiti e perdeu tudo, conforme noticiado no elmundo.es.

Segundo o cubano Noelio Ermont, que chegou a Porto Príncipe para procurar sua família há seis dias, os necrotérios estão cheios e no meio das ruas há cadáveres inchados e em decomposição. Ele disse que está traumatizado e vai dormir na rua, porque tem medo de outro terremoto.

Contou que estavam em um ônibus. De repente o ônibus começou balançar, e logo uma nuvem de poeira cobriu tudo. Surgiram pessoas feridas, com o rosto coberto de sangue. Era como se o lugar começasse a ser bombardeado.

“O chão está cheio de pessoas mortas… e as pessoas não se importam. Cada um tenta sobreviver.”

Olhando esta situação do Haiti, que pode se repetir na grande maioria dos países do mundo, deixo a pergunta: que importância temos nós, seres humanos, na face da terra?  Acho que a única coisa que diferencia uma pessoa da outra, não é o dinheiro não, e sim a capacidade de amar e ser solidário com o próximo.

Jackson Rubem: Jackson Rubem, escritor e jornalista
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