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Maus tratos sofridos por crianças pode reprogramar seus gens até para o suicídio

Apesar de ser uma descoberta científica extremamente importante, pouco adiantará pois isso não impedirá que crianças continuem sendo maltratadas. Recentemente, os cientistas fizeram análises do tecido do cérebro de adultos que se suicidaram e perceberam a existência de mudanças genéticas fundamentais entre os que tinham sofrido maus tratos quando crianças.

Na opinião dos pesquisadores, este estudo reforça o resultado de pesquisas anteriores, que mostraram que maus tratos durante a infância provocam uma reação mais intensa em situações de estresse, conforme matéria publicada na BBC:

Mas ainda não se sabe exatamente como fatores externos interagem com os genes e contribuem para a depressão e outros problemas mentais na fase adulta.

A equipe de pesquisadores da Universidade McGill, em Montreal, examinou o gene para o receptor glicocorticóide – que ajuda a controlar a resposta ao estresse – em uma região cerebral específica de 24 vítimas de suicídio, sendo que metade deles havia sofrido maus tratos quando criança.

Neste grupo, os cientistas encontraram alterações químicas que reduziram a atividade do gene. A redução levou a produção de menos receptores glicocorticóides, o que levaria a uma resposta de intensidade acima do normal ao estresse, segundo o estudo.

Longo prazo

A pesquisa sugere que as experiências durante a infância, quando o cérebro está se desenvolvendo, podem ter um impacto de longo prazo sobre a resposta de alguém a situações estressantes.

Mas o chefe da equipe, Michael Meaney, disse acreditar que estes efeitos bioquímicos também podem ocorrer em fases mais avançadas da vida.

Para Meaney, o resultado mostra o que qualquer psicólogo infantil ou trabalhador no setor de saúde pública já sabe.

“Mas até você comprovar o processo biológico, muitas pessoas no governo e responsáveis pelas políticas na área permanecem relutantes em acreditar que é verdade.”

“Além disso, você pode se perguntar se um remédio seria capaz de reverter estes efeitos e isto é uma possibilidade”, afirmou Meaney.

Jonathan Mill, do Instituto de Psiquiatria do Kings College London concorda: “O mais empolgante sobre alterações epigenéticas (em que o meio ambiente controla a atividade genética) é que elas são potencialmente reversíveis e portanto seriam talvez um futuro alvo para intervenção terapêutica.”

Jackson Rubem:
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