Jovens carentes do Pelourinho aprendem a fazer cerâmica e se afastam de risco social

A exposição Arte nas Mãos está aberta ao público na loja Minarte, no Terreiro de Jesus, nº 2, Centro Histórico de Salvador. São peças de várias coleções como anjos barrocos da série arte sacra, as divas gordinhas da coleção escultórica, mandalas e bandejas num mix de madeira e cerâmica ,e a linha tropical, que reúne objetos decorativos e utilitários, a exemplo de petisqueiras e fruteiras.

Apesar de belas, curiosamente, nenhuma das cerca de 50 peças está à venda. Todas são objeto da imaginação e criação de jovens carentes da região do Pelourinho e de instituições como Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac), Organização do Auxílio Fraterno(OAF) e Cidade Mãe. Com idades entre 16 e 21 anos, eles foram selecionados para participar do projeto desenvolvido em parceria pelo Governo do Estado e a Ong italiana Progetto Sud Uil – Inione Italiana del Lavoro.

O Centro de Formação em Cerâmica Artística da Bahia foi criado há 2 anos e desde então já formou 100 jovens ceramistas. No atelier, eles aprendem a criar, modelar, queimar e pintar objetos obtidos a partir da argila. Uma arte histórica que enfrenta dificuldades com a falta de mão de obra especializada para restauro de peças antigas, em faiança (técnica portuguesa de pintura esmaltada), e para design e criação de peças contemporâneas.

No curso, com duração de quatro meses, os aprendizes também têm aulas sobre empreendedorismo ,para que, após a conclusão possam obter renda com o ofício. Os alunos da capital recebem ainda uma bolsa de R$ 50, material didático, vale transporte, fardamento e lanche.

Carlos Alencar, 21 anos, foi selecionado pela OAF e está há um ano no projeto. “Tenho vontade de abrir os horizontes, aprender mais e poder viver da cerâmica”, diz. No ano passado, um aditivo ao convênio com a Sud Uil foi assinado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes) para a capacitação de mais 120 jovens de Salvador e Brumado e de 80 artesãos de comunidades indígenas e quilombolas. O valor do convênio é de R$ 1,2 milhão, sendo 50% de responsabilidade de cada parceiro.

Também está prevista a criação, pela Fundac, de uma cooperativa para abrigar os ceramistas já formados. Daiane, 19, está prestes a concluir o curso e já pensa no futuro. “Eu tive essa oportunidade, porque antes eu ficava em casa sem fazer nada. Agora penso em fazer minhas peças e ganhar dinheiro com elas”, explicou.

Dmml/al