Jovens brasileiros não conseguem usar redes sociais para mobilização

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Os jovens brasileiros lutaram contra a ditadura, exigiram eleições diretas, pintaram a cara para protestar contra um presidente da República, mas isso foi no passado. Os de hoje estão divididos em tribos que abusam da tecnologia, mas se interessam pouco por política.

Esta é a opinião do jornalista e escritor Zuenir Ventura, que promove hoje (14) à tarde palestra na 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, em Brasília.

O autor de 1968: O Ano Que Não Terminou analisa a juventude de hoje e de 40 anos atrás. Para Zuenir, os jovens brasileiros, diferentemente de outros países, estão desperdiçando uma oportunidade histórica ao deixar de aproveitar a internet para abraçar bandeiras como a luta contra a corrupção, o aperfeiçoamento da democracia e o combate às desigualdades sociais, segundo Wellton Máximo/Agência Brasil:

“Ao contrário da Espanha, dos Estados Unidos e dos países árabes, a juventude brasileira ainda não conseguiu transformar as ferramentas tecnológicas em instrumentos de mobilização”, diz o escritor. “Existe muita troca de opiniões e afetos nas redes sociais, mas no Brasil essas manifestações ainda não foram canalizadas para a política.”

Zuenir reconhece que a fragmentação da juventude atual não permite o mesmo tipo de engajamento observado em outras décadas. “Naquela época, se falava na geração de 1968. Hoje não há mais uma geração, mas diversas tribos com cultura, cantar e agir próprios”, avalia. Apesar disso, o escritor acredita que a mobilização política continua possível para fazer jovens de diversas origens se unirem em torno de objetivos comuns. “Outros países deram o exemplo”, declarou.

A palestra ocorre às 14h30 no Café Literário, espaço destinado a palestras e sessões literárias. A 1ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura começou hoje e vai até 23 de abril na Esplanada dos Ministérios.