Igreja Russa liga romances Lolita e Cem Anos de Solidão a pedofilia

Foto de Dominique Swain que interpretou Lolita na adaptação de 1987
Foto de Dominique Swain que interpretou Lolita na adaptação de 1987
  • A Igreja diz que esses romances não contribuem para a saúde moral do povo.
  • Alguns estudiosos têm criticado fortemente as observações dizendo que “daí para queimar livros nas ruas é só um passo”

A Igreja Ortodoxa Russa (IOR) acusou o romance Lolita, do russo Vladimir Nabokov, e Cem Anos de Solidão, do colombiano Gabriel Garcia Marquez, de promover a pedofilia. “Nesses romances são idealizadas paixões depravadas que fazem as pessoas infelizes”, disse Vsevolod Chaplin, representante do IOR, citado por agências de notícias russas.

Chaplin acredita que “a popularização destes livros na escola não contribui para a saúde moral das pessoas, das quais depende o futuro da sociedade”.

O clérigo criticou “as cínicas e monstruosas tentativas para justificar a pedofilia que ocorrem na Rússia de hoje”, acrescentando que IOR tem “o direito de julgar a partir do ponto de vista moral, qualquer expressão artística, nova ou antiga”.

“É necessário revisar a decisão a respeito da moralidade social, sobretudo libertinagem sexual. Sem essa correção, a sociedade russa simplesmente deixará de existir dentro de cem anos. Isto está claro”, disse ele.

Estas declarações foram muito criticadas pelo escritor, historiador e adversário político, Eduard Limonov. “O que fazemos com Nabokov e Marquez? Proibir seus livros? Esta gente não entende que parecem pessoas que caíram da árvore da evolução”, disse ele.

Por sua vez, o jornalista e apresentador Nikolai Svanidze, assegurou que, se o IOR estiver certo, haverá que analisar por seu conteúdo de violência, pedofilia e outras coisas inaceitáveis, toda a literatura universal desde Homero, incluindo a russa. “E daí para queimar livros nas praças é só um passo”, disse ele.

A IOR tem aumentado sua influência na sociedade desde que ele chegou ao poder em 1999, o atual primeiro-ministro Vladimir Putin, que anunciou no sábado passado que retornará ao Kremlin no próximo ano, conforme noticiado no jornal espanhol 20 minutos e traduzido por O Brasileirinho.