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Homossexuais – despreparo de professores potencializa discriminação


O principal motivo para que a discriminação contra estudantes homossexuais faça parte do cotidiano das escolas brasileiras é a falta de preparo do professor para lidar com a questão. Esse é o diagnóstico dos especialistas consultados pela Agência Brasil. A formação continuada dos profissionais que trabalham na escola tem sido a principal estratégia do Ministério da Educação (MEC) e de outras esferas de governo para atacar o problema, conforme reportagem da Agência Brasil que você vai ler a seguir:
Na avaliação da coordenadora-geral de Diretos Humanos do MEC, Rosiléa Wille, o professor reproduz comportamentos discriminatórios porque não foi educado para a diversidade. Ela defende que, além de capacitar quem já leciona, é necessário modificar a formação inicial desses profissionais.

“Claramente os professores têm dificuldade para lidar com isso, mas não podemos culpá-los. Eles estão saindo da universidade sem estarem preparados para lidar com a diversidade que existe na escola. Se a gente não muda isso, temos que estar sempre trabalhando na consequência.”

De acordo com o MEC, desde 2005 cerca de 20 mil docentes participaram de cursos de formação sobre a temática. “Você tem uma forma de interferir no cotidiano da escola por meio do professor, que é um ator fundamental dentro do processo educacional”, avalia Rosiléa.

A religião de professores ou da equipe pedagógica da escola também costuma interferir no tratamento dispensado a alunos homossexuais. O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, diz que muitos educadores levam para a escola “seus conceitos religiosos e fundamentalistas”. Ele defende que uma capacitação para a educação sexual, em seu sentido mais amplo, facilitaria a compreensão.

O jovem André*, homossexual, cursa o 3° ano do ensino médio e diz que o argumento religioso já foi utilizado por uma coordenadora da escola em que estuda para condenar o relacionamento entre alunos do mesmo sexo. “Ela falou que o Deus dela dizia na Bíblia que isso era errado. Nós sofremos discriminação por parte de quem deveria nos orientar. A escola é um ambiente onde deveríamos aprender a respeitar todos e não nos sentir segregados”, desabafa.

Para o educador Beto de Jesus, o problema está relacionado ao próprio modelo de aprendizagem, muito ligado aos parâmetros curriculares. “Muitas vezes o professor não se dá conta de que o aprendizado está além do conhecimento acumulado, ele faz parte do cotidiano das pessoas. Se um adolescente é excluído, seja por homofobia ou racismo, o docente não interrompe a aula para discutir o problema porque acha que o conteúdo que ele precisa transmitir é mais importante”, afirma.

Representante na América Latina da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA), o educador avalia que o trabalho de capacitação dos professores é uma grande passo, mas precisa ser ampliado e consolidado. “Foi a primeira vez que os grupos [LGBTs] puderam entrar na salas de aula e ajudar na capacitação dessas temáticas”, afirma. Já o presidente da ABGLT, Toni Reis, classifica esse esforço de “tímido”.

A psicóloga especialista em sexualidade da Universidade Católica de Brasília (UCB) Claudiene Santos, que trabalha com formação de professores para a temática da diversidade sexual, diz que os resultados dos cursos são muitos positivos. Alguns abandonam a capacitação porque têm dificuldade de lidar com o tema.

“Tivemos alguns depoimentos no nosso curso de professores dizendo que não imaginavam o prejuízo que podia ter causado a algum aluno, porque, mesmo sem a agressão, quando você toma a posição de não defesa, você está sendo conivente. Todos temos algum preconceito em algum nível. Esse exercício de reconhecer nosso preconceito e trabalhar contra ele precisa ser feito todo dia.”

Despreparo de professores potencializa discriminação contra homossexuais

O principal motivo para que a discriminação contra estudantes homossexuais faça parte do cotidiano das escolas brasileiras é a falta de preparo do professor para lidar com a questão. Esse é o diagnóstico dos especialistas consultados pela Agência Brasil. A formação continuada dos profissionais que trabalham na escola tem sido a principal estratégia do Ministério da Educação (MEC) e de outras esferas de governo para atacar o problema.

Na avaliação da coordenadora-geral de Diretos Humanos do MEC, Rosiléa Wille, o professor reproduz comportamentos discriminatórios porque não foi educado para a diversidade. Ela defende que, além de capacitar quem já leciona, é necessário modificar a formação inicial desses profissionais.

“Claramente os professores têm dificuldade para lidar com isso, mas não podemos culpá-los. Eles estão saindo da universidade sem estarem preparados para lidar com a diversidade que existe na escola. Se a gente não muda isso, temos que estar sempre trabalhando na consequência.”

De acordo com o MEC, desde 2005 cerca de 20 mil docentes participaram de cursos de formação sobre a temática. “Você tem uma forma de interferir no cotidiano da escola por meio do professor, que é um ator fundamental dentro do processo educacional”, avalia Rosiléa.

A religião de professores ou da equipe pedagógica da escola também costuma interferir no tratamento dispensado a alunos homossexuais. O presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, diz que muitos educadores levam para a escola “seus conceitos religiosos e fundamentalistas”. Ele defende que uma capacitação para a educação sexual, em seu sentido mais amplo, facilitaria a compreensão.

O jovem André*, homossexual, cursa o 3° ano do ensino médio e diz que o argumento religioso já foi utilizado por uma coordenadora da escola em que estuda para condenar o relacionamento entre alunos do mesmo sexo. “Ela falou que o Deus dela dizia na Bíblia que isso era errado. Nós sofremos discriminação por parte de quem deveria nos orientar. A escola é um ambiente onde deveríamos aprender a respeitar todos e não nos sentir segregados”, desabafa.

Para o educador Beto de Jesus, o problema está relacionado ao próprio modelo de aprendizagem, muito ligado aos parâmetros curriculares. “Muitas vezes o professor não se dá conta de que o aprendizado está além do conhecimento acumulado, ele faz parte do cotidiano das pessoas. Se um adolescente é excluído, seja por homofobia ou racismo, o docente não interrompe a aula para discutir o problema porque acha que o conteúdo que ele precisa transmitir é mais importante”, afirma.

Representante na América Latina da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA), o educador avalia que o trabalho de capacitação dos professores é uma grande passo, mas precisa ser ampliado e consolidado. “Foi a primeira vez que os grupos [LGBTs] puderam entrar na salas de aula e ajudar na capacitação dessas temáticas”, afirma. Já o presidente da ABGLT, Toni Reis, classifica esse esforço de “tímido”.

A psicóloga especialista em sexualidade da Universidade Católica de Brasília (UCB) Claudiene Santos, que trabalha com formação de professores para a temática da diversidade sexual, diz que os resultados dos cursos são muitos positivos. Alguns abandonam a capacitação porque têm dificuldade de lidar com o tema.

“Tivemos alguns depoimentos no nosso curso de professores dizendo que não imaginavam o prejuízo que podia ter causado a algum aluno, porque, mesmo sem a agressão, quando você toma a posição de não defesa, você está sendo conivente. Todos temos algum preconceito em algum nível. Esse exercício de reconhecer nosso preconceito e trabalhar contra ele precisa ser feito todo dia.”

Jackson Rubem: Jackson Rubem, escritor e jornalista
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