Especialistas em bioética defendem uso de células-tronco embrionárias

Brasília – Os embriões que podem ser utilizados em pesquisas de células-tronco ainda não constituem uma pessoa. A avaliação é do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Bioética do Rio de Janeiro, Sérgio Rego. Os embriões são “um punhado de células que não constituem ainda uma pessoa”, disse ele em entrevista ao Programa Revista Brasil da Rádio Nacional.

Sérgio Rego, que é médico, argumenta que “não chega nem a ter célula nervosa nessas células que a Lei de Biossegurança define como pré-embrião”, e por isso poderiam ser utilizadas em pesquisa científica. Ele comparou a aceitação do uso das células do pré-embrião à posição de que a morte cerebral define o fim da vida da pessoa, o que torna viável um transplante.

A opinião do médico é compartilhada pela antropóloga e pós-doutora em bioética Débora Diniz, que concedeu entrevista ao programa Cotidiano da Rádio Nacional. Para ela, “ter células humanas não é ser pessoa humana. Nós temos células humanas nas nossas unhas, no nosso cabelo, assim como há células humanas no embrião fecundado”.

Débora lembrou que, de acordo com a legislação, casais com convicções religiosas de que não se deve realizar pesquisa com embriões têm o direito de não autorizar o uso de seus embriões.

Segundo a antropóloga “o que está em jogo [no julgamento do Supremo Tribunal Federal de hoje (5)] não é quando a vida humana tem início, é o progresso da ciência, é a busca de uma esperança para pessoas que sofrem de doenças para as quais a medicina não tem nada a oferecer”

Sérgio Rego e Débora Diniz lembraram, no entanto, que o processo de pesquisa leva tempo para obter resultados e que talvez os benefícios só atinjam as próximas gerações. Na sua opinião, não há nada a perder, pois os embriões que podem ser usados na pesquisa seriam descartados pelos laboratórios.

O Supremo Tribunal Federal (STF) fará hoje (5) um julgamento histórico: decidirá se o país pode utilizar células-tronco embrionárias (extraídas de embriões congelados há mais de três anos e com a autorização dos pais) em pesquisas científicas.

Daniel Mello
Da Agência Brasil