Oitenta e cinco pais de alunos de escolas públicas além de representantes de movimentos religiosos estão reunidos em Brasília até sábado (8) para discutir de que forma a família pode contribuir para melhorar a qualidade da educação. O encontro faz parte do Plano Nacional de Mobilização Social pela Educação que quer envolver diversos setores na causa – desde a comunidade até empresários e organizações da sociedade civil, conforme publicado na Agência Brasil:
Arildo Surui, de Cacoal (RO), veio representar as 40 etnias indígenas do estado. “A contribuição da família indígena é fundamental, da mesma forma que a participação da família não-indígena é importante. Mas ainda falta ao sistema de educação brasileiro se adaptar à nossa cultura e aos nossos costumes. Os gestores da educação precisam refletir sobre isso”, aponta.
Para a coordenadora de mobilização social do Ministério da Educação (MEC), Linda Goulart, o papel da família é fundamental porque são elas que começam a criar hábitos, valores e noções de ética nas crianças. “Quando a família participa, o desempenho da criança melhora. São coisas que parecem pequenas, como comparecer à escola, estimular a leitura, acompanhar o dever de casa e o rendimento”, cita.
O plano de mobilização social foi lançado em maio e foi apresentado primeiro ao movimento das igrejas cristãs. Segundo Linda, o documento será divulgado a outros públicos e em diferentes locais.
“A igreja foi o primeiro movimento que se mobilizou, mas o que a gente quer é que todos os segmentos mobilizem a família. Já existe inclusive a participação de lideranças de outras religiões, como o judaísmo, o islamismo e as religiões africanas”, explica.
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O ministro da Educação, Fernando Haddad, participou da abertura do evento. “A Constituição já diz que a educação é dever do Estado e da família, nós temos que envolver todos os protagonistas em torno da criança e do adolescente nessa luta”, afirmou.
O ministério procura agora parceria com empresas. Uma idéia é incluir dicas aos pais sobre como acompanhar a educação de seus filhos nas contas telefônicas, carnês de pagamento e contra-cheques. Um blog na internet também traz informações para os mobilizadores, além da cartilha Acompanhe a Vida Escolar do Seu Filho que estará disponível na página do MEC.
Durante a primeira manhã de debates, alguns representantes de organizações de pais de alunos reclamaram da falta de abertura que muitas vezes existe entre a escola e a comunidade. Para Vandilson Gomes, de Ilhéus (BA), falta diálogo entre as duas partes. “A escola precisa ser aberta nos finais de semana para que a comunidade possa de repente jogar bola, fazer um aniversário, um casamento”, exemplifica.
Ele contou que em uma escola de Ilhéus a direção convidou representantes de diversas religiões para um encontro, com o objetivo de inserir a comunidade no processo educacional, mas foi punida por gestores municipais. “Não adianta querer mobilizar os pais se não houver a abertura. A comunidade precisa ser chamada para contribuir com a formulação de políticas para melhorar a educação”, defende.
O Encontro Nacional de Pais de Alunos e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) segue até o dia 8 em Brasília.