O estudante Hamilton Ferreira Filho, 17 anos, enfrenta todos os dias uma maratona de duas horas, ao sair de casa, em Lauro de Freitas, para a Escola Anísio Teixeira, em Salvador. Além da espera pelo ônibus, Hamilton encara congestionamentos no longo caminho que percorre até o Pau Miúdo.
Segundo ele, o esforço será compensado nos próximos dois anos. Aluno do terceiro ano do Curso de Análises Clínicas, Hamilton acredita que com a educação profissional será mais fácil ultrapassar os obstáculos do mercado de trabalho.
“Se estivesse no colegial, teria mais dificuldades de arrumar emprego ao fim do ensino médio. Com esse curso poderei arrumar um emprego com remuneração média de R$ 1,2 mil e custear a educação superior”, avaliou o jovem, que pretende fazer carreira na área de saúde.
Assim como Hamilton, 15 mil estudantes dos 600 mil que estão no ensino médio freqüentam aulas em cursos de educação profissional na Bahia. Esse número só foi alcançado a partir deste ano, com a abertura de 10 mil novas vagas e o aumento do orçamento para o segmento de R$ 3 milhões para R$ 16 milhões.
O superintendente de Educação Profissional da Secretaria Estadual da Educação (SEC), Antonio Almerico Biondi, explicou que a meta do governo é ampliar a oferta do ensino profissional para 70 mil pessoas, até 2011. Ele declarou que o estado passou por uma demanda reprimida nos últimos 15 anos, com a extinção de alguns cursos e a redução do número de vagas em modalidades técnicas.
Para Almerico, a nova política de educação profissional do governo baiano é voltada para o desenvolvimento nas áreas econômica, social e ambiental. “Por isso, vamos implantar cursos direcionados a segmentos como petróleo e gás, mineração, logística, saúde, agropecuária, design, entre outros. A idéia é desenvolver a educação e garantir que os estudantes possam colocar os conhecimentos em prática”, explicou.
Dentro do planejamento da SEC, há a implantação de centros locais, estaduais e territoriais de ensino médio integrado. Os centros estaduais vão funcionar como referência e terão oito unidades voltadas para o estudo das particularidades do semi-árido, da água (com cursos de irrigação, pesca e saneamento), biotecnologia, tecnologia da informação e comunicação, processos industriais, além de duas unidades politécnicas em Salvador e Feira de Santana. Os complexos serão inaugurados ainda este ano.
Os centros territoriais serão instalados nos 26 territórios de identidade da Bahia. Cada prédio contará com laboratórios, alojamentos e toda a infra-estrutura para abrigar os estudantes dos municípios que integram cada território. Salvador, que concentra o maior número de estudantes, incluindo a região metropolitana, vai ter quatro unidades.
Os recursos previstos são de R$ 140 milhões, do Programa Brasil Profissionalizado, do governo federal.
Os novos cursos que estão em fase de implantação ou em funcionamento são: Técnico de Enfermagem (Escola Anísio Teixeira) e Designer (Colégio Central), em Salvador, Produção de Oleaginosas, dentro da cadeia produtiva do biodiesel, na Chapada Diamantina, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente, em Camaçari, e Técnico de Nutrição, em Itabuna.
500 estudantes na Anísio Teixeira
Na Escola Anísio Teixeira, 500 estudantes já possuem acesso à educação profissional, principalmente no turno vespertino.
Um dos destaques é o Curso de Análises Clínicas, que oferece aulas práticas e teóricas voltadas para a área. Segundo Vitória Ameno, estudante do terceiro ano, nem sempre foi assim. “Nos dois anos anteriores, a gente fazia vaquinha para comprar lâminas para o microscópio”, disse.
A situação foi confirmada pelo professor Luiz Edson Santiago, que está na escola desde o início da década de 90. Segundo ele, os laboratórios passaram a contar com uma nova realidade este ano, com a chegada de novos refrigeradores, condicionadores de ar e microscópios.
Além do Curso de Análises Clínicas, a escola oferece aulas para formação de técnicos de enfermagem. Para a estudante Catarina Leite, 16 anos, a modalidade representa um grande incentivo, sobretudo para as pessoas que não têm condições de pagar uma mensalidade de R$ 200 na rede particular.
Animada, Catarina, que é filha de enfermeira, afirmou que já tem aulas sobre primeiros socorros e fundamentos da enfermagem, além de noções de anatomia e fisiologia.
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