ECULEOS
Robério Pereira Barreto
Qual andorinha em vôo solo
Ando sozinho em meio
A muitos caminhos insólitos,
Onde há várias pedras e espinhos
A fechar-me a passagem.
Qual redemoinho na caatinga
Esgueiro-me entre os ecúleos da saudade;
Afiados furam-me o peito, donde
Escorre pelas fendas da alma
A seiva da vida em decomposição.
Qual ave de rapina na noite de luar cristal
Mergulho no imo de minha dor
Para capturar a mim mesmo.
Com sofrimento magistral
De quem ao inferno chega
Se aos sentir-se mal;
Amanheço em estado lastimal
Por ter procurado encontrar
A mim mesmo e fui capaz.