Um relatório divulgado pela Anistia Internacional (AI), nesta sexta-feira, mostra que projetos de desenvolvimento dos Governos das Américas estão ameaçando a sobrevivência de grupos indígenas em nome do progresso.
O documento denominado “Sacrificando os Direitos em Nome do Progresso” analisa a situação dos povos indígenas das Américas e foi apresentado como um alerta para o Dia Internacional dos Povos Indígenas, que se comemora no dia 9 de agosto.
O jornal espanhol El Mundo cita uma carta escrita pelo grupo indígena brasileiro Guarani-Kaiwoá, endereçada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em agosto de 2010, e que continua atual, pois traduz a realidade, não só do Brasil, mas em outros países vizinhos ao gigante sul-americano:
“Sofremos muito com tanta violência. Nós pedimos e exigimos nossos direitos: a demarcação de nossas terras com urgência para o nosso povo de volta para viver em paz, com felicidade e dignidade”.
Segundo o relatório da Anistia Internacional, os índios continuam sendo “um dos grupos mais marginalizados e mais afetados por violações dos direitos humanos” em todo o continente. Eles também enfrentam uma “ameaça crescente”, devido à construção de usinas hidrelétricas, rodovias e a expansão agrícola.
Existe uma preocupação contínua quanto à sobrevivência física e cultural dos grupos indígenas do continente. O relatório da AI denuncia que existe “vontade política insuficiente” para garantir a sobrevivência, já que os direitos indígenas “são considerados como obstáculos ao crescimento econômico”.
No caso do Brasil, o relatório retoma as críticas ao plano de construção de hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, na Amazônia brasileira. Espera-se que a gigantesca hidrelétrica comece a funcionar em 2015.
Além da usina de Belo Monte, segundo o El Mundo, o pesquisador da Anistia Internacional no Brasil, Patrick Wilcken, disse que o governo tem outros “planos ambiciosos” para construir “centenas” de usinas hidrelétricas, em áreas onde vivem a maioria das nações indígenas do país.
Na opinião de Patrick, as obras podem resultar em “enormes problemas para a sobrevivência desses povos”.