Crianças e adolescentes de comunidades remanescentes de quilombos levaram ao Senado Federal uma carta com propostas de políticas públicas.
O documento é resultado do 1º Encontro Nacional de Crianças e Adolescentes Quilombolas, o Quilombinho, que esta semana reuniu, em Brasília, representantes de 60 comunidades de todo o país.
A carta foi elaborada por jovens com idade entre 7 e 18 anos, e reflete os principais temas discutidos durante o encontro, desde preservação ambiental até investimentos em esporte.
“Nós, jovens guerreiros, temos como principal objetivo dar continuidade a estes projetos [elaborados durante o Quilombinho], como construtores de idéias e saberes, buscar a identidade e o resgate de nossa história”, diz um dos trechos.
Entre as prioridades listadas, estão políticas públicas para cidadania, como a garantia de registro civil para crianças quilombolas; a implementação de boas escolas; ações de saneamento; e atendimento médico nas comunidades.
A preservação da identidade cultural dos quilombos também está entre as preocupações do grupo, que declara apoio à criação do Estatuto da Igualdade Racial e quer garantia de liberdade de escolha religiosa.
Para a oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para Infãncia (Unicef) e uma das coordenadoras do Quilombinho, Helena Oliveira, a entrega da carta simbolizou o fechamento do encontro de forma positiva, por dar voz a crianças e adolescentes no debate sobre o futuro de suas comunidades.
“Desde que idealizamos o encontro, eles se interessaram pela possibilidade de conhecer quilombinhos de outras comunidades e compartilhar experiências. Isso foi concretizado com sucesso. Para nós, adultos gestores, ficou o desafio de fazer com que as políticas públicas cheguem de forma efetiva a essas crianças e adolescentes”.
Segundo ela, o documento será também enviado a organismos internacionais e Organizações Não-governamentais (ONGs).
Luana Lourenço / Repórter da Agência Brasil