CRENÇA OU VENÇA
Vera Vasconcelos
Crianças desarmadas, mal amadas.
Vítimas de políticas idiotas da pátria amarga
Homem do poder, que só ver.
Armas, armaduras, covardia
Dos canhões brasões, símbolo do amor
Sem pudor.
Crianças viram gente grande, sem temor
E com amor entre tanques e fuzis
Defende sua dor, seu orgulho ferido
Com as armas que lhes convém
Pedrinhas, corpo e mente, ardente
Num gesto de inconfidente, inocente.
Sonhara talvez com amarelinha
Num pesadelo sem trégua, corre.
Corrida sem fim e com fim
Desilusão, destruição total
Fora do aconchego materno, chora.
Violentados, vistos em espelhos mágicos,
Interesseiros, a fama e o dinheiro.
Do registro do momento, o tormento sangrento.
Crianças tremem, imploram, contam vitórias.
Nos acordos da paz, da independência…
A espera da liberdade, da vontade de gritar!
Rabin! Arafat! Fizeram-nos sonhar
Seguiu o que pregoou, assinou, fracassou.
Dos interesses, a troca da paz
Morte, omissão, destruição
E os bolsos abarrotados, encorpados.
Nas suas fortalezas doentias, se condenam, morrem.
Num regime de regressão e corrupção
Castigos sem perdão, é execução
E as crianças que hão de ter? Poder?
Mentes sadias? Euforia?Patriotas desumanos?
Ou exemplos de armadores sanguinários?
Pedirão abrigo, socorro? Afago nos seus lares?
Que lares? São entulhos a céus abertos, desertos, sombrios!
E a mídia refugia, tripudia, revela a agonia.
Crianças que morrem, que choram, imploram…
Sonham e dormem
Ao sono dos injustos, incertos, incrédulos.