O consumo de álcool na adolescência está se banalizando no Brasil. Quase metade dos jovens, 47%, começam a usar bebidas alcóolicas antes de completar de 18 anos. As informações da Pesquisa Nacional de Saúde, foram divulgados ontem (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a pesquisa, 34,5% dos usuários tiveram o primeiro contato com a bebida alcoólica entre os 15 e os 17 anos e 12,5%, antes dos 15 anos.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, demonstrou sua preocupação com relação ao consumo de álcool na adolescência não só pelo fato de os jovens começarem a beber cedo, mas também pelo uso abusivo do álcool. Na opinião dele, isso deveria ser considerado um problema de saúde pública. O alcoolismo na adolescência é responsável por muitas doenças e muitos problemas de saúde pública, podendo até mesmo danificar o cérebro dos jovens.
Para Chioro, é fundamental ampliar a fiscalização aos estabelecimentos comerciais, para evitar o consumo de álcool na adolescência, já que esse comércio é proibido pela legislação. “Mas também é preciso trabalhar com as famílias, porque, muitas vezes, o jovem tem acesso à bebida alcoólica no próprio seio familiar, nas festas. Como a bebida é socialmente aceita, faz-se todo um rito de iniciação [dentro da família].”
O ministro destacou ainda o dado preocupante da pesquisa, mostrando que 24,3% dos usuários de álcool entrevistados assumiram já ter dirigido sob efeito de bebida. “São mais de 30 mil óbitos por ano relacionados a acidentes de trânsito, e uma parcela considerável deles é relacionada a pessoas que ingeriram álcool ou drogas e dirigiram.”
Além disso, vale destacar que muitos destes usuários vão se tornar alcóolatras e o tratamento para alcolismo, não é barato.
Consumo de álcool na adolescência: por que o jovem bebe?
Baseado em entrevista com várias pessoas, o Centro de Informações Sobre Saúde e Álcool (CISA) destacou a existência de vários motivos que ajudam a explicar o consumo de álcool pelo jovem.
Pode-se dividi-los em:
Fatores psicológicos: jovens inseguros e influenciáveis, com poucos limites e que expressam comportamentos de exposição a situações de risco, entre outros;
Fatores culturais e sociais: maior autonomia e liberdade, aumento do círculo de amizades, precocidade para várias experiências, inclusive para o uso de álcool, dificuldades na definição da identidade e ocupação de papéis sociais mais claros, pais com dificuldade de assumir seu papel e colocar limites nos filhos, maior acesso e informações e bens de consumo e o álcool seria um deles, exposição à mídia
Fatores ambientais: baixo preço e facilidade de aquisição de bebidas alcoólicas, descumprimento da legislação quanto à venda de bebidas alcoólicas para menores, políticas públicas indefinidas ou inexistentes.