A antropóloga e diretora do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Moema Miranda, apontou as desigualdades socioeconômicas no Brasil e a concentração de renda e de poder como obstáculos a prática da democracia. Ela é também uma das coordenadoras do seminário Incluindo os Excluídos na Política Global que começou no dia 13 e vai até o dia 15, na capital fluminense.
Moema disse que a oferta de melhores condições de vida e de renda para a população é condição básica para as pessoas se envolverem em discussões sobre melhorias em suas vidas e contribuição para o funcionamento da sociedade.
O evento é organizado pelo programa internacional Building Global Democracy (BDG), que estimula o engajamento dos cidadãos na vida política.
A antropóloga criticou a falta de fóruns adequados para subsidiar a discussão e participação de povos de todo o mundo nas decisões de questões globais. E citou como exemplo os fenômenos climáticos e as crises econômicas.
“Democracia não implica em não conflito. As divergências continuam a acontecer. O desafio é fazer a gestão dos conflitos sem violência. A nossa questão é construir organismos de articulação que façam com que as divergências não terminem em conflito ou em guerra”, afirmou Moema Miranda.
Durante o seminário, serão apresentados dez estudos de caso sobre ações tomadas em nível local que extrapolaram para o plano internacional. Entre elas, está a da líder comunitária da África do Sul Rose Molokoane, que começou com projeto de construção de casas populares no bairro e hoje discute o direito à moradia em fóruns internacionais.
“A democracia não vem numa bandeja de prata. Tem que se lutar por ela. Precisamos entender que a democracia tem que ser construída com os pobres e não para os pobres”, afirmou para a Agência Brasil/Isabela Vieira.
O egípcio Ahmed Naguib, que participou do movimento contra o governo do ex-presidente de seu país Hosni Mubarak também deve falar sobre o engajamento da população pela saída do ditador. Durante palestra rápida, Naguib defendeu a participação política apartidária de jovens e o poder de influência da mídia.
Os professores universitários João Pacheco de Oliveira e Andrey Cordeiro farão, no evento, uma reflexão sobre os problemas fundiários enfrentados por povos indígenas, que têm acionado com frequência organismos internacionais para pressionar o governo. O último caso ocorreu com a Usina Hidrelétrica Belo Monte (PA), questionada na Organização dos Estados Americanos (OEA).