O mar declama

O mar declama a sua poesia
Para o silêncio da noite ou do dia.
Poesia que alenta ao marinheiro,
que navega pensando na sua amada,
distante, lê e relê as mensagens guardadas
e pensa quantos riachos correm para os rios,
estes se juntam com mais gotas e correm ao mar. Continue lendo “O mar declama”

Borboleta, Mulher ativa

Borboleta,
tu és uma mulher…
linda! maravilhosa!
Quase sempre colorida.
que voa, revoa
sempre ativa,
nunca à toa. Continue lendo “Borboleta, Mulher ativa”

A poesia da dona Matemática

Às folhas tantas
Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita
Olhou-se com um olhar inumerável
E viu, do ápice à base
Uma figura impar Continue lendo “A poesia da dona Matemática”

Eculeos

ECULEOS
Robério Pereira Barreto

Qual andorinha em vôo solo
Ando sozinho em meio
A muitos caminhos insólitos,
Onde há várias pedras e espinhos
A fechar-me a passagem.

Qual redemoinho na caatinga
Esgueiro-me entre os ecúleos da saudade;
Afiados furam-me o peito, donde
Escorre pelas fendas da alma
A seiva da vida em decomposição.

Qual ave de rapina na noite de luar cristal
Mergulho no imo de minha dor
Para capturar a mim mesmo.

Com sofrimento magistral
De quem ao inferno chega
Se aos sentir-se mal;
Amanheço em estado lastimal
Por ter procurado encontrar
A mim mesmo e fui capaz.

Crença ou vença

CRENÇA OU VENÇA
Vera Vasconcelos

Crianças desarmadas, mal amadas.
Vítimas de políticas idiotas da pátria amarga
Homem do poder, que só ver.
Armas, armaduras, covardia
Dos canhões brasões, símbolo do amor
Sem pudor.
Crianças viram gente grande, sem temor
E com amor entre tanques e fuzis
Defende sua dor, seu orgulho ferido
Com as armas que lhes convém
Pedrinhas, corpo e mente, ardente
Num gesto de inconfidente, inocente.
Sonhara talvez com amarelinha
Num pesadelo sem trégua, corre.
Corrida sem fim e com fim
Desilusão, destruição total
Fora do aconchego materno, chora.
Violentados, vistos em espelhos mágicos,
Interesseiros, a fama e o dinheiro.
Do registro do momento, o tormento sangrento.
Crianças tremem, imploram, contam vitórias.
Nos acordos da paz, da independência…
A espera da liberdade, da vontade de gritar!
Rabin! Arafat! Fizeram-nos sonhar
Seguiu o que pregoou, assinou, fracassou.
Dos interesses, a troca da paz
Morte, omissão, destruição
E os bolsos abarrotados, encorpados.
Nas suas fortalezas doentias, se condenam, morrem.
Num regime de regressão e corrupção
Castigos sem perdão, é execução
E as crianças que hão de ter? Poder?
Mentes sadias? Euforia?Patriotas desumanos?
Ou exemplos de armadores sanguinários?
Pedirão abrigo, socorro? Afago nos seus lares?
Que lares? São entulhos a céus abertos, desertos, sombrios!
E a mídia refugia, tripudia, revela a agonia.
Crianças que morrem, que choram, imploram…
Sonham e dormem
Ao sono dos injustos, incertos, incrédulos.