Devido a omissão das autoridades, a dengue está se espalhando por todos os lugares do Brasil e a criatividade do brasileiro entrando em ação.
Em algumas localidades do país as mulheres são orientadas a vestirem calças compridas, quando forem lavar roupas nos açudes; padres têm transformado os sermões nas igrejas em palestras de conscientização e há casos até de premiação das equipes de postos de saúde que mais trabalharem para reduzir a abrangência da doença. A constatação foi feita hoje (15) na 11ª Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios, que se realiza em Brasília.
A gestão do sistema público de saúde é feita pelos municípios e, diante disso, a Agência Brasil/Morillo Carvalho procurou conhecer, entre os mais de 4 mil prefeitos que estão no evento, as iniciativas desenvolvidas pelas cidades brasileiras. Foram entrevistados dirigentes de todas as regiões do país e a escolha foi aleatória.
Uma das ações foi um desfile cívico, com direito a caixa de som, professores, alunos e profissionais de saúde nas ruas de Madalena (CE). O Dia D de combate à dengue, no município, foi no último dia 9. “Depois de descobrirmos vários focos, resolvemos organizar o desfile para chamar a atenção da sociedade, além de um mutirão de limpeza pela cidade”, contou o prefeito Wilson de Pinho.
O investimento, segundo ele, foi apenas na compra de três bombas costais – espécies de mochilas que armazenam líquido, ligadas a um borrifador, para espalhar o inseticida que, segundo ele, é custeado pelo estado. As bombas custaram R$1,2 mil cada. Hoje, não há casos de dengue no município. Foi lá, também, que se iniciou um trabalho de conscientização das mulheres a usarem calças compridas.
“Aconselhamos as mulheres de áreas de maior risco a usarem calças compridas porque o mosquito da dengue ataca até 1,20 metro de altura”, explicou o prefeito. Pinho acrescentou que os açudes são áreas de risco, de água parada, aonde as mulheres costumam lavar roupas.
Já em Igrejinha (RS), foi nas igrejas onde a prefeitura buscou o reforço quando traçou o plano de ações de prevenção e combate à dengue, no final do ano passado.
“Nós acreditamos, que através das igrejas, nós temos um acesso mais rápido à população. Conversamos com todos os pastores e padres durante o inverno, já prevendo a eventualidade da eclosão dos ovos [do mosquito] no verão. Não temos nenhum caso, esperamos que seja resultado dessas ações”, contou o prefeito da cidade gaúcha, Elir Domingo Giraldi.
Não ter nenhum caso registrado de dengue também é o objetivo dos agentes de saúde de Manacapuru (AM). No município amazonense, o posto de saúde que fizer o melhor trabalho de combate aos mosquitos da dengue e da malária, e tiver atestado que ninguém está doente, vai ganhar premiação.
“Criamos o projeto Cururu, que é um bicho que se alimenta de insetos. Nós dividimos o nosso trabalho por postos de saúde, que atuam nas diversas regiões do município. Aquele que efetuar, na sua área, o melhor trabalho, e atestar o número zero de casos, vai ganhar um prêmio em dinheiro. É uma competição salutar, de motivação”, observou o prefeito Washington Luís Régis.
Manacapuru tem 85 mil habitantes e seus 400 agentes foram destacados para os 10 postos de saúde da cidade. Os prêmios são de R$2 mil para o primeiro lugar, R$1 mil para o segundo e R$500 para o terceiro colocado.
Já em Ribeirão Grande (SP), há um programa de vigilância sanitária permanente que espalha, pela cidade, armadilhas para capturar o mosquito. “Para que possamos saber se estamos com algum foco, deixamos espalhados em alguns lugares as armadilhas, que são águas paradas, para podermos fazer a coleta e saber se temos o mosquito na cidade”, detalhou a prefeita Eliana dos Santos Silva.