Um diagnóstico a ser elaborado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) em maternidades públicas, vai identificar qualidades e problemas no atendimento materno-infantil para subsidiar projetos de qualificação na assistência, como o que está sendo negociado com o Banco Mundial (Bird). O projeto tem como foco a redução da mortalidade materna e neo-natal.
“A idéia”, explicou o secretário Jorge Solla, “é focar ainda mais na gravidez de risco e nas crianças que nascem com problemas de saúde”. O novo projeto está sendo acompanhado pela equipe do Projeto Saúde Bahia, voltado para os municípios mais carentes do estado.
O diagnóstico da situação do cuidado materno-infantil na Bahia foi divulgado nesta segunda-feira (28), durante o I Encontro Estadual do Cuidado Materno-Infantil, realizado no auditório do Hospital Roberto Santos, com a participação de profissionais de hospitais e maternidades da rede.
A redução da mortalidade infantil e a melhoria da saúde da gestante fazem parte dos oito objetivos para o desenvolvimento do milênio, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para todo o mundo. O desafio do Brasil é reduzir de 29 para 18, o número de crianças mortas para cada 100 mil nascidas vivas até 2015.
Na Bahia, esse índice é de cerca de 22 óbitos em cada 100 mil nascimentos. Já a situação da mortalidade materna é mais preocupante, com um índice considerado alto para a Organização Mundial de Saúde (OMS): 63 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos, quando o aceitável é entre 10 e 20 óbitos por 100 mil nascimentos.
O encontro, segundo o secretário, é o primeiro passo para identificar, na rede de assistência materno-infantil no estado, as unidades que possam ser caracterizadas como referências regionais.
Em Salvador, o Instituto de Perinatologia da Bahia (Iperba) é considerado hospital referência para a saúde da mulher, mantendo serviços essenciais que vêm contribuindo para a redução dos números da mortalidade infantil e materna, a exemplo da unidade semi-intensiva neonatal e o ambulatório para pré-natal de risco. Grávidas com hipertensão, doença hipertensiva da gravidez, diabetes, anemia falciforme, disfunções da tireóide e gravidez múltipla precisam de um acompanhamento maior, desde o início da gestação.
No oitavo mês, a auxiliar de enfermagem, Tatiane da Silva, espera duas meninas e conta que está tudo ótimo, apesar da dificuldade para caminhar e do inchaço nos pés e nas pernas. “O pré-natal foi excelente, pois o médico, desde o início, acompanhou tudo e tirou todas as minhas dúvidas”, afirma Tatiane.
Na unidade semi-intensiva neo-natal, com 26 leitos, bebês prematuros extremos, com desconforto respiratório, icterícia, que nasceram anoxiado (com falta de oxigênio) ou com qualquer patologia que os impeçam de ficar com a mãe, são tratados até terem condições de viver fora das incubadoras.
Segundo Jorge Solla, ainda há um conjunto amplo de ações a serem desenvolvidas para a qualificação maior da atenção materno-infantil. Para a técnica Estela Nascimento, da Diretoria de Informações em Saúde da Sesab, essa atenção qualificada é essencial para reduzir os óbitos neo-natais, a maioria ocorrendo nos primeiros 28 dias de vida.
A maior parte das causas são afecções originadas do pré-natal, como a prematuridade e o baixo peso ao nascer. “É o que se quer reverter. Não é fácil, pois, além da melhoria da assistência à gestação e ao recém-nascido de risco, é preciso investir em equipamentos e recursos humanos especializados e ainda melhorar a condição sócio-econômica da população”, disse Estela.
mml/sas/is
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