O Brasil tem conseguido aumentar a taxa de escolarização das crianças, mas a inclusão de alunos nas escolas não gera resultados positivos para diminuir o trabalho infantil. A afirmação é da secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa Maria de Oliveira.
Segundo a Agência Brasil, nos últimos quatro anos, o número de matrículas cresceu nas escolas do país, no entanto, a permanência nas salas de aula não é “durável”, principalmente nas Regiões Nordeste e Sul, que apresentaram maiores taxas de trabalho infantil entre as crianças em idade escolar. A secretária atribui essa evasão a diversos motivos. Segundo ela, nesses locais, a pobreza está ligada a valores culturais, que defendem e justificam as atividades infantis como solução para diminuir a pobreza das famílias. Ela também fez críticas ao modelo de ensino.
“Crianças não conseguem conciliar trabalho e escola ou são mais motivadas a trabalhar pelo conforto que o dinheiro traz. As escolas não proporcionam atividades que estimulem a educação. Em muitos casos os próprios responsáveis optam em ter mais dinheiro em casa a ver um horizonte favorável ao filho”, afirmou entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional.
Com relação à participação do Estado na tentativa de erradicar a exploração da mão-de-obra infantil, Isa Maria disse que o Brasil possui excelentes políticas e mencionou o programa Bolsa Família.
Na avaliação da secretária, todas as formas de trabalho infantil trazem inúmeros prejuízos às crianças. Segundo ela, a infância é a fase do ser humano que se aprende a descobrir, brincando.
“Pesquisas indicam que as crianças que brincam e estudam apresentam rendimento escolar mais elevado. Então, brincar e estudar é fundamental. No ponto de vista de saúde qualquer atividade que causa stress e cansaço excessivo em crianças compromete o conhecimento”, explicou a secretária.
Ainda segundo a secretária-executiva, todas as formas de trabalho são proibidas para crianças e adolescentes abaixo de 16 anos.