Atletas brasileiros dos jogos Pan-americanos convivem com violência e falta de dinheiro

Os vencedores não saem das grandes metrópoles, nem são de famílias abastadas, como muita gente pode pensar. E pode até acontecer isso, mas é exceção. Normalmente quem mais tem vontade de vencer é quem passa por carência de alguma coisa.

Segundo a Agência Brasil, a falta de dinheiro e a violência fazem parte da rotina de uma das atletas que representam o Brasil nos Jogos Pan-Americanos. Talvez essa realidade não seja um caso único na delegação nacional, mas o caso de Liliane Menezes, 21 anos, é especial. Moradora da Cidade de Deus, ela é uma atleta que vence as adversidades do cotidiano para alcançar uma posição de destaque no esporte nacional.


Praticante do levantamento de peso há apenas três anos, Liliane conseguiu, na última segunda-feira (16), um feito inédito para uma modalidade sem tradição no país: um quarto lugar, após bater três vezes o recorde brasileiro, na categoria até 63 quilos, e superar favoritas ao ouro, como a mexicana Luz Acosta. Na arquibancada do Riocentro, moradores do bairro onde nasceu, e ainda vive, fizeram muita festa. Uma faixa chamava a atenção do público: “Enquanto a Barra sorri, a Cidade de Deus chora pelo abandono”. A comunidade carioca ficou conhecida nacionalmente a partir do filme homônimo de Fernando Meirelles, que retrata a violência e o tráfico de drogas.

A origem humilde não foi uma barreira, ao contrário, afirma ela: “Enfrentei muitas dificuldades na vida, mas foi graças a essas dificuldades que estou aqui no Pan. Não me diminuiu nunca, só me deu mais garra para vencer e ir em frente”. Detalhe: há poucos meses, Liliane teve que pedir R$ 300 emprestados ao técnico, Dragos Stanica, para combater uma anemia que atrapalhava seu rendimento. Ela recebe da Confederação Brasileira de Levantamento de Peso uma ajuda de custo mensal de R$ 600, “que não dá para cobrir a passagem de ônibus para o treinamento e a alimentação”.

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