Aplausos para os estudantes das escolas públicas em show no Pelourinho

Um mix de ritmos e sons levou uma multidão, na tarde do dia 14, à Praça Tereza Batista, no Pelourinho. Torcidas organizadas com faixas, mamães-sacode e camisas padronizadas gritavam os nomes dos candidatos selecionados para a segunda etapa do Festival Anual da Canção Estudantil (Face).

O motivo de tanta animação foi a apresentação das 15 canções selecionadas da Diretoria Regional da Educação de Salvador (Direc 1-A), envolvendo escolas da Cidade Baixa e Região Metropolitana de Salvador (RMS).

O júri, composto por personalidades do meio artístico e literário baiano, como Jorge Portugal, Tonho Matéria, Vovô do Ilê e Dody Só, selecionou três das 15 canções que vão concorrer à final do Face, no dia 26 deste mês, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves.

Dia 15 foi a vez das escolas da Cidade Alta que pertencem à Direc 1-A realizar o seu festival, às 14h, no auditório da Escola Parque, na Caixa d’Água. O evento conta com a presença de Armandinho e Luiz Caldas, além da abertura com a Deusa do Ébano do Ilê Aiyê.

A marca registrada do sertanejo, o baião, levou a platéia ao delírio e emocionou os jurados, ganhando o primeiro lugar com a música Intercâmbio, de autoria e interpretação de Gilson dos Santos Melo, aluno da turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Colégio Manuel de Jesus, em Simões Filho.

Emocionado, Melo disse que vai se dedicar diariamente para ser um dos três finalistas. “Foi um esforço muito grande para chegar até aqui, e até na torcida tivemos pouca gente, pela dificuldade de locomoção – os componentes da torcida vieram de ônibus”, explicou.

Intercâmbio faz uma comparação entre a capital e o interior, entre as tecnologias e os meios de locomoção utilizados na zona rural, a exemplo da carroça. Além disso, retrata os pontos turísticos da capital, como o Mercado Modelo. Para caracterizar a fala sertaneja, o autor usou a linguagem regional, como diz o trecho da música:

“Cê traz o teu automóve
Notebook que se move
Nas mãos igual maleta
Te mostro minha carroça
Minha casa de palhoça
Minha baia e a enxadeta”

O segundo lugar ficou para a aluna do Colégio Nossa Senhora de Fátima, em Periperi, Nadjane Reis, de 12 anos, a mais nova dos candidatos, com a música Privacidade. Ela se inspirou na relação da falta de privacidade que as meninas sofrem desde pequenas.

“A cada lugar que vamos, as roupas que usamos e até quando estamos namorando, estamos sendo observadas por alguém”, afirmou Nadjane sobre o verdadeiro sentido da canção.

A estudante disse que já realizou um grande sonho, que era de subir em um palco e cantar. Os pais dela, Gilberto e Nilda Reis, confirmaram o dom da menina, “que desde pequena adora cantar em qualquer lugar que estiver”.

E a terceira canção premiada foi Violência na Rua, de Daniel Nascimento, da Escola Ana Bernardes, em Cajazeira 6. A melhor interpretação ficou com Geovani Cidreira, do Colégio Estadual Noêmia Rego, com a música Mar Morto.

Durante a premiação, Jorge Portugal elogiou a iniciativa e expôs a dificuldade em selecionar apenas três canções, pelo nível de excelência e pela interpretação dos candidatos.

“Se não fosse o Face, não teríamos a oportunidade de conhecer essas pérolas que estão aqui”, ressaltou Portugal. Ele observou que, para os que não ganharam desta vez, que continuem e nunca desistam, “pois outros festivais virão e muitos irão brilhar”.

Para o secretário estadual da Educação, Adeum Sauer, o festival é muito importante, tanto no âmbito da música, pela expressão de idéias e das artes, quanto para integrar os estudantes de diversas unidades, levando o trabalho deles para fora dos muros da escola.

Um outro ponto do Face destacado por Sauer é a organização do festival, “que leva a escola a aprender e valorizar o trabalho em equipe”.

Show do Olodum Mirim

Antes da premiação, o Olodum Mirim se apresentou para o público. Tonho Matéria fez uma pequena participação e disse que o Face é muito importante para a educação, “porque o aluno, quando se dispõe a compor uma música, estuda, pesquisa, melhora o uso da língua portuguesa e compara o coloquial com o formal”.

Vovô do Ilê afirmou que a música é uma forma de reduzir a desigualdade social e a violência, por integrar estudantes de vários bairros do subúrbio, tornando uma cidade mais humana. “A música é uma das formas de educação que transforma e o Face vai revelar novos e grandes talentos para a Bahia”, destacou.

eas/om

One reply to Aplausos para os estudantes das escolas públicas em show no Pelourinho

  1. Estou amando poder ler O brasileirinho por aqui. Jacson publique esse conto
    ESSE CONTO É DE AUTORIA DE UMA ALUNA DE 9 ANOS DE IDADE QUE MORA NESSE CONTEXTO QUE ELA RETRATA NO CONTO. PARTICIPOU DO CONCURSO LITERÁRIO DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE IRECÊ, MAS NÃO FOI CLASSIFICADA.
    A Cidadezinha
    Em uma cidadezinha havia uma menina pobre, bondosa e inteligente que contou uma história do seu povo a um deputado que foi visitar a cidade:
    -Senhor deputado, vou lhe contar uma história da minha cidadezinha. Lá as pessoas não têm casa pra morar, não têm onde dormir, dorme no chão frio. Lá não têm o que beber e o que comer. As crianças vão pedir esmola na rua. Lá também tem gente matando gente. As pessoas lutam para conseguir uma vida melhor porque acreditam em Deus e Deus vem ajudando muito aquele povo com seus ensinamentos.
    -Senhor deputado, eu me sinto como a Gata Borralheira da História “Cinderela.” E o meu sonho é ver as pessoas em suas casas fazendo a comida para seus filhos e arrumando suas casas. Eu sonho com todas as crianças na escola e felizes.
    -O senhor está vendo, eu nem roupa nova tive pra vestir para vir aqui. Agora quero saber se o Senhor vai poder ajudar essas pessoas como as fadas madrinhas fazem nos contos de fada?
    As fadas ajudam as personagens quando estão em perigo e pedem socorro. Aí aparece a fada madrinha com sua varinha de condão e tira as personagens do perigo e ajuda a realizar seus sonhos.
    A menina conta que o deputado pensou, pensou e disse:
    – Mas é claro que vou ajudar a realizar o seu sonho.
    A menina daquela cidadezinha dizia que nem sabia agradecer de tanta felicidade!

    Tainá Ramos- 09 anos – Escola Luiz Viana Filho- Bairro São Francisco

    (Malvinas)

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