Crianças de três escolas em Pernambuco e no Maranhão terão, a partir do próximo ano, um curso sobre seus direitos. A idéia é que elas conheçam o Estatuto da Criança e do Adolescente. A proposta faz parte da campanha global “Aprender Sem Medo”, que tem o objetivo de acabar com todas as formas de violência contra crianças nas escolas.
A notícia é da Agência Brasil/Kelly Oliveira:
A campanha é organizada pela organização não-governamental Plan, instituição de origem inglesa que opera em 66 países. “A própria criança se torna protagonista social, adquire conhecimento do Estatuto da Criança. O próprio aluno começa a capacitar os pais e a escola. e nós teremos uma relação de integração e prevenção da violência”, disse o assessor de Educação da Plan Brasil, Charles Martins, em entrevista à Rádio Nacional.
Segundo Martins, depois começar com o projeto nas três escolas, a idéia é levar o projeto adiante, com mobilização de governos e escolas, além de outros parceiros na luta contra a violência na escola.
A violência na escola pode causar problemas de auto-estima na criança agredida, redução do desempenho e evasão escolar, disse Martins. Relatório integrante da campanha mostra que cerca de 350 milhões de crianças são vítimas de violência escolar a cada ano.
A violência foi separada em três tipos: castigo corporal, violência sexual e bullying, identificado no relatório da ONG como “atitudes agressivas, intencionais e repetidas que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro, causando dor e angústia, e sendo executadas dentro de uma relação desigual de poder”.
No Brasil, o foco da campanha será o bullying e o cyber bullying, com uso da internet, de celulares e de outras tecnologias digitais para ameaçar ou abusar de crianças.
De acordo com pesquisa publicada no relatório, no Brasil, 84% de 12 mil estudantes de seis estados pesquisados consideraram suas escolas violentas; cerca de 70% afirmaram ter sido vítimas de violência escolar; e um terço dos estudantes afirmou estar envolvido em bullying, como agressor ou como vítima. Segundo a ONG, quando questionadas a respeito de castigo corporal, crianças brasileiras de 7 a 9 anos disseram que a dor nem sempre é só física, mas declararam sentir “dor no coração” e “dor de dentro”.