Quando os pais adotivos se sentem impedidos de falar à criança sobre a história anterior à convivência com eles, algo aí acaba lhe sendo transmitido: que este é um tema proibido, censurado. Acontece que este
não é um tema qualquer. Toda criança, de diferentes maneiras, pergunta sobre sua filiação, sua origem e busca entender “de onde vêm os bebês?”, base para outras e infinitas pesquisas humanas. Se sobre sua origem a criança recebe um grande silêncio ou então respostas que são muito vagas, ela interpreta que há uma determinação a ser cumprida: cale-se e não pergunte. Mas sua obediência não se fará sem um preço a pagar, podendo comprometer o seu processo de aprendizagem e a sua vida imaginativa. Uma das maiores dificuldades que alguns pais adotivos costumam sentir sobre a conversa com seus filhos adotivos é a de aceitar a ideia de que há aspectos importantes em sua história dos quais eles não fizeram parte ou desconhecem. O medo de que o filho sofra a partir do que se conversa também pode ser gerador de dificuldades. Algumas vezes os pais adotivos também necessitam e merecem ser auxiliados por profissionais a colocar em palavras por que essa sua função pode lhes parecer tão penosa.